Quem não depois de se passear uma manhã qualquer
por Francisco I. Madero
se deu conta de que a língua dos mendigos
não admite tradução que nem sequer a c nos separa
que neles se ouve tão similar à nossa
que os dialectos que a habitam não são os das raças
nem branca nem índia nem mestiça
Como desconhecer que a sua sujidade não é deste mundo
que a sua derrota não humilha porque tu a partilhas
Quem ao olhar os seus pés purulentos
das suas garras de águia calva
não sonha com uma operação de estética
anunciada de forma garrida num enorme plasma
sobre a fachada modernista da rádio nowhere
Que olhos são capazes de se subtrair à cobiça do seu atavio
Como não ajoelhar perante a sua santidade alcoólica
a demência nua
atento
- Luis María Marina
in Lo que los Dioses Aman, El tucan de Virginia
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