terça-feira, abril 02, 2013

Os passos


Teus passos, pelo silêncio criados
avançam santa, lentamente,
até ao leito da minha impaciente
vigília. Frios, calados.

Queridos, adorados passos mudos
que sem ouvir, minhas ânsias adivinham.
Que deleite celeste se encaminha
até meu leito, nuns pés descalços!

Se para meu sonho obsesso
tua boca fazes avançar,
eu preparo o paladar
para o alimento de um beijo.

Não o apresses, tem calma,
doçura de ser não sendo,
que de esperar vou vivendo
e teus passos são minha alma.

- Paul Valéry
(traduzido da versão espanhola de Carlos R. Dampierre)

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