segunda-feira, abril 15, 2013

Concentração directa


Como dormir se este poema me desenha
no papel tranquilo silenciário
E mesmo assim no papel encontra alpista
não açúcar como os cavalos
Este poema nasce pelos pés
ainda que caia de cabeça meu milagre
Um poema dá-me à vida

Tanto poemas como desenhos
o que importa é gastar novos minutos
Escrevo com a minha harpa e pinto com
os meus dedinhos coloridos
Mancho meu coração aqui sozinho
Sozinho e mudo percorro o meu sonho
com meu olhar de garoto na planície
de neve com minha mão maníaca

Na cama escrevo desenhos
embriagado de Kandinski certamente
também de vinho vou embriagado
na minha noite de anonimato
Pinto na noite descomunal
tudo vértebras tudo serpentes

- Carlos Edmundo de Ory
in Música de Lobo, Galaxia Gutenberg

Sem comentários: