sexta-feira, abril 26, 2013


COM EXEMPLOS MOSTRA A FLORA A BREVIDADE
DA FORMOSURA PARA NÃO A DESPERDIÇAR


A mocidade do ano, a ambiciosa
vergonha do jardim, este encarnado
oloroso rubi, Tiro abreviado,
também do tempo presunção formosa;
a resplendente ostentação da rosa,
deusa do campo, estrela do valado;
a amendoeira, em seu olor nevado,
que antecipar-se ao próprio calor ousa,
são duras repreensões, oh Flora, mudas
da formosura e da soberba vã,
que aos ditames da flor se encontra afecta.
Teus anos passam breves, não te iludas;
de ontem já te arrependes amanhã,
mais tarde e a sofrer serás discreta.

- Francisco Quevedo
(tradução de José Bento)
in Antologia Poética, Assírio & Alvim

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