segunda-feira, março 04, 2013

Túmulo de Amir Khusrú


A Margarita y Antonio González de León

Árvores carregadas de pássaros
sustêm a pulso a tarde.
Arcos e pátios. Entre muros
encarnados, a peçonha verde, um tanque.
Um corredor leva ao santuário:
mendigos, flores, lepra, mármores.

Túmulos, dois nomes, suas anedotas:
Nizam ud-din, teólogo andante,
Amir Khusrú, tagarela.
O santo e o poeta. Grave,
pende um luzeiro de uma cúpula.
O lodo do tanque resplende.
Amir Khusrú, papagaio ou melro:
cada minuto em duas metades,
escura a plumagem, a voz diáfana.
Sílabas, incêndios errantes,
vagabundas arquitecturas:
todo o poema é tempo e arde.

- Octavio Paz

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