Muros de proibição, muros fronteiriços,
erguem-se novamente como plantas
na noite tranquila, sentinelas posicionadas
nos terrenos do meu amor
Eu pressinto-o
Eu sei
qual é o momento da prece
As estrelas
fazem todas elas amor
Regressa comigo
Regressa comigo
ao início da criação
ao centro perfumado de um ovo fecundado
ao momento em que fui criada de ti
Regressa comigo
Deixaste-me incompleta
No cume dos meus seios
levantam agora voo
as pombas
No casulo dos meus lábios
agitam-se beijos como borboletas com ideias de voar
O altar do meu corpo
está agora pronto para os rituais do amor
Deixa-me conceber ao luar
no refúgio da noite
Deixa que me inundem
gotículas de chuva
corações infantis
o peso dos que ainda não nasceram
Talvez o meu amor possa
servir de ventre a um outro Jesus
- Forough Farrokhzad
(tradução de Vasco Gato)
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