terça-feira, janeiro 08, 2013


Onde a frase cansa,
dobra, ganha um novo jeito,
troca o grilo que raspa
um sinal
na imensa noite do peito. Oh,
maravilha, onde vai dar
essa rua? Eu tenho
teu nome e um assobio.
Pego as estrelas mais baixinhas
p'ra um colar que te levo.
Estou doido que acordes,
descasquei tangerinas
para alinhar sobre
o queixo de tua janela.
Fazer que os pássaros
baixem nela a serenata gulosa
da manhã que eu disse,
que eu fiz, que eu
trouxe de outro país.
Um copo de água e açúcar
para uma tremenda
dor de cabeça-musical.
Pedir entrada
na cozinha, fazer café e
bagunça. Pedir as partes
mais envergonhadas
de teu corpo
e desabotoar essa pele
com explicações de que
hoje
não vais trabalhar.
Estender o relógio onde
os ponteiros
saltaram fora
do ritmo, e puxam a farda
aos números para pôr
cordas e peles.
Chamam as horas mulatas
da tarde para dançar,
fazer do balanço
uma história,
perfume requebrando
lugares que já conhecias.
Bim bom bim bim bom
bim bom bim bim bom
bim-bom! E o inverno
se acalora, chorando
de alegria.


1 comentário:

Patrícia Marques disse...

"Eu tenho
teu nome e um assobio..."

Muito lindo! Vai dar ao arrefecer do pensamento árduo sobre algo e/ou alguém! Vai dar à segurança do conteúdo na consciência, e por outro lado, à morosidade leve, transparente,quase esquecida, mas inesquecível do conteúdo pensado...