Que exauridas águas contra a frágil margem,
que pardas ondas contra as colunas. E ilhas
adiante e bancos onde uma difusa angústia
se solta do dia que se esvai.
Que esparsas chuvas navegas, que luzes
Quais? o pensamento se não finge ignora,
se não recorda nega: ali vivi,
aqui consciente do tempo de outro modo.
Que memórias, que imagens herdámos,
que eras jamais vividas, que existências
fora da felicidade e da dor
lutam na maré junto aos molhes
ou no mar alto que floresce e se despede.
Regressas tu, abrigas-te a esta orla
no céu que zarpa um pinheiro estridente
de pássaros que regressam, meu coração.
- Mario Luzi
(tradução de José Eduardo Simões)
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