terça-feira, agosto 21, 2012

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Dentro de duas gerações (no máximo),
ninguém vos procurará o túmulo
e, mesmo antes, ninguém aí pousará a mão
como quem deposita respeito
sobre uma memória obscura e límpida.
Em nenhum imo um cintilar de estrela
ao compor as sílabas dos vossos nomes.
Apenas o olhar cego de quem passa
com flores agendadas
para a campa doutro egoísmo, mais recente.
Nenhuma mágoa duradoura,
nenhuma ferida sangrará
e nenhum riso incontrolável brotará
do lôdo e da memória dos dias.
Nenhum fantasma, nenhuma sombra,
súbito,
alumiarão madrugadas ou manhãs.
Nada.
Estareis mortos da morte menos nítida,
que é a de quem nunca esteve vivo.

- Miguel Martins

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