terça-feira, julho 03, 2012

What sort of hopes do you place in love?


Luis Buñuel: If I'm in love, all hopes. If not, none.


A primeira vez que uma mulher engana um homem e não tem nada a ver contigo. Não o sentes. Nem revolta, nem tristeza. É simples a um ponto que se torna indiferente e já não precisa de justificação. As mulheres que se danem mais os homens com paciência para isso e para elas quando vão por aí. Por cá, nós dois, três, nem esperamos nem queremos já saber. Vamos ficando por pouco: um pouco mais: um pouco mais. Tornamo-nos sós, silenciosos, incompreensíveis e, naturalmente, mágicos. O segredo é só este: deixámo-nos de truques.

*

Um selvagem - encheu um saco e foi para o escuro. Não via um raio, zero. Tirou o barulho e as formas e dispô-las à sua frente. Pôs-se de joelhos como um idiota que vai rezar. Contou-te as sílabas do nome, encontrou uma escala, tons ordinários, outros impressionantes e absurdos. Tocou-o como a um instrumento, até à exaustão. Até não restar naquilo nada de natural. Queria livrar-se de todo o sentido. Como quando se repete muitas vezes... tu sabes. Queria destruir-te.

*

Sonhavas com um concerto da Aimee Mann. Era a Save Me. Angelical e pura e essas trapalhadas. A viola a embalar, docinho. E ela já vinha de novo com o se tu pudesses salvar-me..., e nesse momento, entre os braços levantados e os isqueiros, um a direito cospe um tiro e fura com aquilo tudo. Silêncio. E como um par de grilos diabólicos crescíamos numa risada antes de nos encherem de porrada. Acordas e a pergunta que te fica é se algures por aí este teu irmão acordou também ou se ficou para trás.

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