___As gotas do orvalho
descem as pétalas da flor do acanto; com elas resvala
a imagem dos céus. Penetrar o palácio
atulhado de coisas; contemplar-nos a sós
nos seus espelhos quebrados; seguir com o olhar o curso dos astros
no fundo, infinito, das águas de um rio.
___________Viver o movimento que habita as palavras,
conhecer a aparência, amar a solidão
dos frutos caídos e que, agora,
com a luz da tarde
desvelam o passado nas ruínas do tempo.
As manhãs em que neva congelam com a sua música o vento do inverno.
______________As gotas de orvalho
humedecem a relva do jardim. Ouves a tua memória
chover sobre as coisas, entregar-te palavras acesas
que a morte constrói. Nunca edificarás
um poema com elas.
______________Simplesmente aguardas, vencido,
que a noite largue fogo sobre as cores frias da tarde
com as suas chamas de sombra.
(...)
III
___E chamas poema
ao prazer que a mente retira de obter das coisas
uma linguagem precisa que destrua,
com o fermento dos seus signos, as leis
que a morte edifica.
Mas ao dar forma a teu espírito, trazes
uma maior fragilidade à tua existência.
_______________________E chamas poemas
a quanto, desapaixonadamente, o desejo representa
sobre os limites da incerteza.
IV
___Entornar a vista
até entrever o impensável, é criar.
- Diego Jesús Jiménez
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