domingo, maio 20, 2012

Estilhaços, infância

Era a infância, eram cenas de morte
Enforcaram-me o pai – primeira parte.
E veio a mãe do campo de concentração
Passou-me a mão pelo Eu, mas eu já não

Estava lá, deambulava por paixões
Desmoronaram-se as escolas, fortalezas
Da vida. E os ventos de rebeliões
Nasceram delas, e ondas de fraquezas

E fui cair entre os filhos do Homem
Depressa tive sonhos avermelhados
Beijos de camaradas com palavras de ordem.

Vão até à infância as sombras de futuro
Das árvores de Marx e Lenine, toldando-me o presente:
Hoje fumo e faço filhos com as pedras ancestrais.

- Robert Schindel
(tradução de João Barrento)
in Telhados de Vidro, n.º11, Averno

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