quinta-feira, abril 12, 2012

CADÁVER ESQUISITO


Pronto, e é isto
Aqui deitado como os outros
Nunca antes maquilhado, e agora cá estou
Todo aperaltado e retocado para a podridão
Se calhar pensam que a morte é como quem vai à televisão
Ao câmara clara, ou coisa parecida, digo eu
Puf! Gases…
Lá vão os ares do homem que fui
Ainda bem que não me entrelaçaram nas mãos um terço
Não me faltava mais nada senão trazer prá’ qui contas
Ainda estou para perceber
Porque raio me puseram uma mosquiteira na venta
Haverá por ventura melgas que até aqui vêm importunar
Deve fazer parte do pacote de paz do armador
Sempre me questionei como arma, dor e paz estão sempre ligados
Que diria disto o Guerra Carneiro, talvez que «está tudo!»
Mas que interessa isso agora, estou morto e ele também
Estiquei o pernil, e sempre gostei de esticar as pernas
Agora o que nunca fiz bem foi dormir de papo ao alto
Àqueles que andam por aí em cima
Com epifanias oriundas do cheirinho de terra molhada
Cá vos espera um lindo castigo ó, ó!
E mais não digo!

- Rui Azevedo Ribeiro

retirado daqui

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