sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Denise

Quando ponho as minhas mãos de metal
minhas primitivas mãos sem destreza
na tua cabeleira abundante onde começa
esse corpo que respira amor mortal

Quando os meus dedos tocam tua total
altura dos pés à cabeça
sem que me trema o pulso amo a peça
maravilhosa desse teu ser carnal

E então de quietude e puro toque
o teu olhar vence-me afogado nessas águas
e teu silêncio feminino põe-me a arder

De súbito um gesto transfigura-me
com as minhas mãos desço-te a saia
e dispo-te e amo-te e faz-se tarde

- Carlos Edmundo de Ory
in Metanoia, Visor

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