Que matéria me ergueu, que astro mau?
Que fôrça de beleza, unida à morte,
Em seus braços de raio me constringe?
Quando me olho, tantas formas palpo
Que o tempo suscitou pra me plasmar.
Adivinho as Erínias, que do inferno
Chicotadas de ódio me remetem
E o signo da flor súbito sustam.
Vejo-me estranho a mim, à minha voz,
Ao meu silêncio, ao meu andar e gesto.
Que espera o Fogo para me esclarecer?
Que espera o Fogo para me refundir?
- Murilo Mendes
in Antologia da Moderna Poesia Brasileira, Orfeu
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