sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Cântico

Como as rosas mortas
enchem de ossos a noite
o céu desce às minhas mãos
e todo o jardim é um hino

Acostumei-me à benevolência
com um gosto que me ficou na boca
A fome que tenho de fome
enche-me de pó as têmporas

Cada minuto em que adoro
algo nos ares da distância
saem do meu interior lágrimas
que nenhum olho conhecem

Estou a dizer-me a mim mesmo
não penses pensa não penses
E nas linhas de uma mão
esta noite leio a minha vida

- Carlos Edmundo de Ory
in Metanoia, Visor

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