É preciso divertirmo-nos um pouco, não é, entre duas síncopes. É preciso divertirmo-nos um pouco, longe do círculo familiar que almoça sobre a erva vermelha à beira da estrada. Só faltava mesmo ficarmos atados à cadeira como Ulisses e, tal como Ulisses, deixarmos tudo no Inferno. É preciso divertirmo-nos um pouco e percorrermos as estradas por onde anda Mercúrio, multiplicado por mil espelhos. É preciso divertirmo-nos um pouco e deitarmos a língua de fora à morte que nos vigia e que nos diz para não apanharmos nem frio, nem calor. Que preceptora! Que rasteira! É preciso divertirmo-nos um pouco e seguir a infância e os medos que a fazem correr a pés juntos até ao rio. É o único refúgio possível para evitar a preceptora que anda atrás dela.- Jean Cocteau
(tradução de Inês Dias)
domingo, janeiro 22, 2012
É preciso divertirmo-nos um pouco
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poesia de fora
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