quarta-feira, janeiro 18, 2012

Auto-retrato em técnica mista sobre linho

Um homem minimal-repetitivo,
a vida toda em três ou quatro notas,
a alma morta, o coração lascivo,
andando sobre um velho par de botas.

Homem suprematista, quase Cage,
com o silêncio às costas, como pena,
sem vislumbre de boca que se beije
como Páris beijou a Bela Helena.

E, no entanto, um homem singular
– mais singular não houve ou haverá! –,
que, num arame torto, soube amar
um equilíbrio todo pós-Dada.

- Miguel Martins
retirado daqui

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