objecto, esmalta-os de treva
e o ar da tua habitação é povoado
pela cinza azul desse olhar
que te lança do espelho um intruso.
Pede-te que o soltes. Não o abras.
As palavras formam no teu cérebro
um pelotão de fuzilamento. São já velhas
todas as tuas recordações como números
de empresas falidas há muito.
Fechas os olhos, tremes: um barco
abandonado a um mar calcinado
pelo esquecimento. Um terror lento encharca-te
o peito e o futuro apodrece no passado.
- Juan Bonilla
in El belvedere, Pre-Textos
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