quinta-feira, dezembro 01, 2011

O jardim do que não há

como a luz

que é o que é
porque não cabe

como as flores

que são sempre
o primeiro dia

ou como o ar
o nunca visto

acordar
parece-se
com qualquer coisa

como os minerais
a fruta das pedras

o breve
essa estridência
do mesmo

pergunto-me

de que respiração
será este vento

será porque te disse

não sei quê
enquanto a euforia na flor
se dissimulava

a falta de tema

e a tarde
como sempre
de algum modo o balbuceia

todavia

ou será que gosto de ti
porque sim

e por outros motivos
que as pedras

calam
e as águas

levam
crescendo

que é redundante

como as flores

como a luz

que não cabia

pergunto-me

se alguma vez
fomos

essas coisas humanas

irrepetíveis

- Abraham Gracera
in Para los años diez (7 poetas españoles), Hum

Sem comentários: