quinta-feira, dezembro 01, 2011

Nas margens do Meno

Quando Goethe punha a mão
direita – segurando a pena –
sobre uma página, os deuses
fixavam-no, temendo
que, ao escrever, porventura
lhes roubasse a sua língua,
na qual cada coisa tem um nome
vedado aos mortais.

E quando se punha
em pé, com a cabeça
inclinada, as deusas
despiam-se das suas túnicas
e dos seus longos pendentes
para que as cantasse pelos seus nomes.

- Ángel Crespo
in El bosque transparente, Seix Barral

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