segunda-feira, dezembro 26, 2011


JARDIM ZOOLÓGICO, 24.12.2011



Eu não queria escrever um poema
assim, muito menos hoje.

Mas são demasiado óbvios os teleféricos
vazios, os velhos sentados em bancos
de jardim, indiferentes ao flagelo da música
e à morte que lhes desbota o vinco das calças.

Ou ainda os estores corridos, junto à esplanada
onde até os pavões preferiram recolher-se
e esta água das pedras gostava de ser um whisky.

O teu corpo não responde, as árvores,
ao sacudirem devagar o vento,
fazem-me ameaças imprecisas.

Desaba, sobre mim,
a beleza nenhuma do Natal.

- Manuel de Freitas
(inédito)

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