Aprazíveis, pacientes, divagando
em pequenos rebanhos
pelo recinto ajardinado,
_________________olhem-nos.
Ou melhor, escutem-nos:
mugem difusas ciências,
comem folhas de Plínio
e de alface,
devoram hambúrgueres,
textos gregos,
diminutos testículos em sânscrito,
________________________e depois
fertilizam a terra
com detritos clássicos:
________________alma mater.
Arrotam-se,
um erudito dictum
perfuma o campus de sabedoria.
Se, silentes, meditam,
rápidos, indecifráveis silogismos,
iluminando um universo puro,
deixam fatigados os neurónios.
Buscam
– de olhar perdido no futuro –
resposta para os enigmas
eternos:
Que salário estarei a ganhar dentro de um ano?
Hoje é quinta-feira?
______________Quanto
ainda levará toda esta neve a derreter?
- Ángel González
in 101+19=120 poemas, Visor
[Com a tradução deste poema celebramos, neste fim de ano, o inestimável contributo daqueles que, descalçando-se na Academia, não resistem a chutar as sandálias (cheirosas, diga-se) para o espaço da Poesia.]
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