domingo, dezembro 25, 2011

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As flores escutam meu caminho, sonho eu.
O tanque do jardim pôs-se a cantar.
A ravina do chão, o arco-íris
crescem nos meus ombros.
Vou morrer, estou vivo,
o poço da cabeça está cortado
Esta exaltação alcança os mortos.
Ao pó do luar eles caminham
entre os arbustos, nas madeiras caídas.
Este espaço canta, eles vigiam.
Coberta de erva, minerais, adubos,
animais escuros, brisas,
a terra deles é a minha água.
Esta exaltação mata-os de novo.

- Joaquim Manuel Magalhães
in Dos enigmas, Moraes

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