quinta-feira, novembro 10, 2011

Tulipas

A filtrar areia no Hotel do Zodíaco,
entre a 96.ª e a Madison, tento
não ouvir as sirenes: o punho
do coração, a mão vazia do desejo.
O quarto inundado de uma luz terrível,
o céu incapaz de chuva. Embalo um copo
de nada de especial, e tudo
se resume a isto: a ventoinha,
botão de pára e arranca - retida meia-lua de corrente
de ar por cima da cama, lençóis
a transbordar, a cabeça em tempestade. Vê
o que deu à costa na mesinha de cabeceira:
uma fotografia voltada e um lenço de seda, umas
chaves. Estas tulipas que cessam dentro de uma jarra.

- Robin Robertson
(tradução de Hugo Pinto Santos)
in Golpe d'asa n.º1

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