que causa pânico: o pudor do vício,
um olhar inocente que desarma,
o mêdo de ter mêdo de morrer.
É demais. A beleza mata depressa
quem ama devagar. Assisto ao meu enterro.
Há algumas mulheres que se aproximam.
São afastadas pelo olhar dos homens.
Os meus filhos desceram já à cova,
já alisam o fundo, retiram pedrinhas
e esboroam torrões, pra não magoar
meu corpo nu envolto na mortalha.
A realidade do meu ser pretérito
petrifica em ethérea solidez de som.
- António Barahona
in Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno
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