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Como temer-te, morte?Não estás aqui comigo, a trabalhar?
Não te contacto com meus olhos; não me dizes
que não sabes de nada, que és vazia,
insensível e pacífica? Não desfrutas,
comigo, de tudo: glória, solidão,
amor, até ao tutano?
Não me estás a sustentar,
morte, de pé, a vida?
Não te trago e te levo, cega,
como teu cão-guia? Não repetes
com tua boca passiva
o que quero que digas? Não suportas,
escrava, a gentileza com que te obrigo?
Que verás, que dirás, aonde irás
sem mim? Não serei eu,
morte, a tua morte, a quem tu, morte,
deves temer, mimar, amar?
- Juan Ramón Jiménez
(versão de J.E.S)
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