domingo, outubro 02, 2011

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«Soube encontrar no areão a flor em transe.»
e apontaste o ventre aberto da ondina:
carnagem crua te enquadrava, laminosa,
a face fria com a nuvem de falenas,

um relâmpago no estômago, e essa ombreira
pálida à mercê da lamparina; ovíparos
recados sob estacas, e tripas, e folhas
e escamas também. Engastado à tua voz,

«Toca-me os olhos com as pontas, sem a sombra
que de repente se enrolou entre os meus passos.
Vê, sob os círculos do peito, o peixe negro:
morde, puxa, rasga a pele do braço avesso»

E há tempo à justa pra empalhar outra corola,
o laço escuro a ecoar a trovoada

- Luis Manuel Gaspar
in Piolho n.º6, Edições Mortas

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