9 ANTOLOGIAS E 9 LIVROS DE AUTOR (QUE, AFINAL, SÃO ALGUNS MAIS)
9 antologias
1. Eugénio de Andrade, Trocar de rosa. Na edição que tenho, este livro está incluído no II volume da Poesia e prosa do autor, Círculo de leitores, Lisboa, 1987. Foi nele que encontrei, pela primeira vez, entre outros, versos de Vladímir Holan, Yannis Ritsos ou Vasko Popa. É difícil esquecer o deslumbramento que me provocaram.
2. David Mourão-Ferreira, Vozes da poesia europeia. Números 163, 164 e 165 da revista Colóquio/Letras, Lisboa, 2003. Uma viagem maravilhosa pela poesia europeia desde Homero até Dylan Thomas ou Tomás Segovia. Luxo será a palavra certa?
3. Egito Gonçalves, Quinze poetas catalães. Limiar, Porto, 1994. Poeta, editor, tradutor, divulgador, Egito Gonçalves é uma referência no âmbito da poesia publicada em Portugal na segunda metade do século XX.
4. Herberto Helder, Oulof, Doze nós numa corda, Poemas ameríndios (todos de 1997) e As magias e O bebedor nocturno (ambos de 2010). Cinco volumes fascinantes, editados pela Assírio & Alvim. Na capa, aquela inscrição que faz a diferença: “Poemas mudados para português por Herberto Helder”.
5. José Bento, Antologia da poesia espanhola contemporânea. Assírio & Alvim, Lisboa, 1985. Um tijolo (cujas páginas se soltam com o passar dos anos e das releituras), um trabalho, uma dedicação impressionantes. Que linda é a Espanha de José Bento!
6. Joaquim Manuel Magalhães, Poesia espanhola de agora. Relógio D´Água, Lisboa, 1997. Não me canso de regressar a estes 2 volumes que exibem a pujança e a intensidade da poesia espanhola das últimas décadas do século XX.
7. Albano Martins, Pequena antologia da poesia palestiniana contemporânea. Asa, Porto, 2003. Pequena pelo número de páginas e poemas traduzidos (não chegam a ser 40), imensa pela delicadeza e força poética (e ética) dos mesmos.
8. Jorge Melícias, Poesia cubana contemporânea – dez poetas. Antígona, Lisboa, 2099. Excelente antologia, excelentes traduções. Os poemas de Reinaldo Arenas, por exemplo, são inesquecíveis.
9. Manuel de Seabra, Antologia da novíssima poesia norte-americana. Futura, Lisboa, 1973. Tinha 16, 17 anos quando o meu amigo J. me apareceu à frente com um exemplar deste livro. Nunca tinha visto nada assim. E continuo sem ver: que eu saiba, a democracia portuguesa não foi capaz de produzir, em mais de 30 anos, uma só antologia representativa da poesia norte-americana contemporânea.
E 9 livros de autor (que, afinal, são alguns mais)
1. Francis Ponge/Manuel Gusmão, Alguns poemas. Cotovia, 1996. Livro perfeito com um defeito: só tem 154 páginas.
2. Roberto Juarroz/Arnaldo Saraiva, Poesia vertical. Campo das Letras, Porto, 1993. Outro livro perfeito com um defeito: apenas 90 páginas.
3. William Carlos Williams/José Agostinho Baptista, Antologia breve. Assírio & Alvim, Lisboa, 1993. Terceiro livro perfeito com defeito: somente 100 páginas, apenas 30 poemas. Mas que livro e que poemas. Que magia: sim, less is more.
4. Edgar Lee Masters/José Miguel Silva, Spoon river – Uma antologia. Relógio D´Água, Lisboa, 2003. O Rui Manuel Amaral já falou deste livro aqui. Que mais poderia eu acrescentar?
5. Seamus Heaney/Rui Carvalho Homem, Da terra à luz. Poemas 1966-1987. Relógio D’ Água, Lisboa, 1997. Bendito Nobel da Literatura que nos permitiste aceder à poesia – em português – de Heaney (há ainda um outro volume, da Campo das Letras, com traduções de Vasco Graça Moura).
6. Wislawa Szymborska/Júlio Sousa Gomes, Paisagem com grão de areia. Relógio D´Água. Bendito Nobel da Literatura que nos permitiste também aceder – em português – à poesia de Szymborska (em 2006, a mesma editora publicou Instante, livro traduzido por Elzbieta Milewska e Sérgio Neves).
7. Zbigniew Herbert/Jorge Sousa Braga, Escolhido pelas estrelas. Assírio & Alvim, Lisboa, 2007. Onde se lê que o “poeta imita o sono das pedras”.
8. Juan Luis Panero/Joaquim Manuel Magalhães, Poemas. Relógio D´Água, Lisboa, 2003. Um livro muito belo e magoado (outro bom livro com poemas de Panero: Antes que chegue a noite, traduções de António Cabrita e Teresa Noronha, Fenda, Lisboa, 2001).
9. Por fim: Tony Harrison/Manuel Portela, V. Antígona, Lisboa, 1999. Poema fora-de-série, tradução a condizer, posfácio de alto nível, edição imaculada (palavras, imagens, qualidade do papel…), parece mentira. Tudo no seu lugar e na proporção certa, o que, vindo da Antígona, nem surpreende: uma casa que edita pouca poesia, mas sempre bem. São de salientar, por exemplo, as edições de Cidade do homem: New York, de J.M. Fonollosa (tradução de Júlio Henriques, 1993) e Satanás diz, de Sharon Olds (traduzida por Margarida Vale de Gato, 2004). Este último livro deveria ter esgotado imediatamente para que esta poeta pudesse ter continuado a ser traduzida para português, pois a “única saída é pelo / fogo, e eu não quero um único / cabelo de uma única cabeça chamuscado”(p. 63).
*Nasceu no Seixal, em 1968, onde vive. É professor de Português no ensino secundário. Tem colaborado com poemas e traduções na revista criatura e mantém um blogue onde passa poemas para português com uma regularidade assinalável: Do trapézio, sem rede.
Sem comentários:
Enviar um comentário