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Encanta-me o povo dos prados. A sua beleza frágil e desprovida de veneno, não me canso de cantá-la. O arganaz, a toupeira, crianças sombrias perdidas na quimera da erva, a anguinha, filha do vidro, o grilo, imitador como não há outro, o gafanhoto que crepita e contabiliza o enxoval, a borboleta que se finge bêbeda e irrita as flores com os seus soluços silenciosos, as formigas instruídas na sensatez pela grande extensão de verde, e imediatamente em cima as andorinhas meteoros...
Pradaria, sois a boceta do dia.
- René Char
(tradução de Margarida Vale de Gato)
in Furor e Mistério, Relógio d'Água
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