quarta-feira, julho 06, 2011

Rui Miguel Ribeiro

SAMIL, VIGO, 2011

Desde o mar vivo do olhar
doeu um pouco mais a água;
o areal da praia de Samil,
com a maré recuada do inverno.

Mar sem cantares, sem as ondas
de Vigo, não acerca a palavra
escrita, nem arrisca bailias.

Entre conchas e sombras
que se separam de um resto
de ter visto, não se vê chegar
e não se perde.

É a certeza de que sem regresso,
de tempo a tempo,
são os versos que se acabam.

in Telhados de Vidro n.º15, Averno

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