quinta-feira, junho 02, 2011

TELEVIDENTE

Aqui estou eu de volta
ao meu quarto de Iowa City

Engulo aos sorvos o meu prato de sopa Campbell
frente ao televisor apagado

O ecrã reflecte a imagem
da colher engalfinhada na minha boca

E sou um outdoor de mim mesmo
que anuncia nada
_____________a ninguém.



NUMA ESTAÇÃO DE METRO

Desventurados os que enxergaram
uma rapariga no metro

e se enamoraram de rajada
seguindo-a enlouquecidos

enquanto a perdiam
para sempre entre a multidão.

Porque eles estarão condenados
a vagar sem rumo entre as estações

e a lacrimejar nos refrões das canções de amor
que os músicos ambulantes trauteiam nos túneis

E talvez o amor não seja mais que isso
uma mulher ou um homem descendo de um carro

para uma estação de metro e que resplandece uns segundos
antes de se perder na noite sem nome.

- Óscar Hahn
(traduções de António Cabrita)

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