quarta-feira, junho 22, 2011

Dá-me

Dá-me algo mais que silêncio ou doçura
Algo que tenhas e não saibas
Não quero dádivas raras
Dá-me uma pedra

Não fiques imóvel fitando-me
como se quisesses dizer
que há muitas coisas mudas
ocultas no que se diz

Dá-me algo lento e fino
como uma faca nas costas
E se nada tens para dar-me
dá-me tudo o que te falta!

- Carlos Edmundo de Ory
(tradução de Herberto Helder)
in Doze nós numa corda, Assírio & Alvim

1 comentário:

blimunda disse...

este poema, este poema é-me tão de perto, tão de mim... habita o meu caderno diário...é de uma beleza para lá de tudo. poemas assim fazem-nos vivos.

e foi por palavras assim que vim aqui dar há uns tempos