outros subiram para Petrópolis como meninos tristes.
Vou bater à porta do meu amigo,
que tem uma pequena mulher que sorri muito e fala
pouco, como uma japonesa.
Chego meio prosa, sombras no rosto.
Não tenho muitas palavras como pensei.
«Coisa ínfima, quero ficar perto de ti.»
Te levo para a avenida Atlântica beber de tarde
e digo: está lindo, mas não sei ser engraçada.
«A crueldade é seu diadema...»
O meu embaraço te deseja, quem não vê?
Consolatriz cheia das vontades.
Caixa de areia com estrelas de papel.
Balanço, muito devagar.
Olhos desencontrados: e se eu disser, te adoro,
e te raptar não sei como dessa aflição de março,
bem que aproveitando maus bocados para sair do
esconderijo num relance?
Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis?
Beware: esta compaixão é
paixão.
- Ana Cristina Cesar
in Poesia Brasileira do Século XX, Antígona
Sem comentários:
Enviar um comentário