para o Ricardo Álvaro
Fevereiro de 2011: fiquei a saber,
por uma revista de merda, que
«os poetas não são tipos normais»
(vinha na capa da tal revista).
É um bocadinho discutível;
os poetas fodem, cagam,
gostam ou não gostam
de francesinhas e marujos.
Têm, como toda a gente, de vigiar
o colesterol e de pagar impostos.
Porém, e antes mesmo de haver verbo,
há poetas e puetas. Há-os
gestores, contentinhos, polivalentes
- assim como os há revoltados,
insubmissos, crus e sem saída.
Uns acreditam nas palavras,
outros calam-se. Uns ministros,
outros deputados, mas capazes
(quase todos) de prefaciar mendigos
que olharam de frente o sol.
Os poetas morrem - e isso,
à falta de melhor, torna-os bastante normais.
- Manuel de Freitas
in P2, suplemento do Público - 7.05.2011
1 comentário:
Excelente.
Os poetas - antes da poesia, ou para lá da mesma - são seres que também experimentaram os limites de algumas coisas. Se isso é loucura, louvemos a loucura. Porque muitos outros vivem apenas da imaginação e não serão menos loucos. Escudam-se e nós estamos num salto diferente, mas na mesma queda.
Abraços
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