-Meus olhos são telas d'água,
não ferem a perfeição.
*
Rosas floresceram em meus cabelos.
Negras rosas do Egito.
Meu corpo espera há séculos
e a alma o presencia.
Só a morte compreende.
*
As papoulas são estrelas que caíram de sono.
Elas têm o segredo.
*
Mar.
O pássaro feriu o espelho e libertou a imagem.
Ouço o canto dos náufragos, dos reencontrados.
Espumas. Véus.
Boiaram os pensamentos das virgens.
São mensagens.
Eu descerei para as núpcias.
*
Há espigas adolescentes na madrugada.
Ela veio ceifar.
Pela madrugada escorreu o sangue da noite
e meus iguais se foram numa língua de sede.
*
Mãos, raízes de desejo.
Eu as vi
cruzadas
sobre o ventre da morta,
grávida do Mistério.
- Maria Ângela Alvim
in Superfície, Assírio & Alvim
terça-feira, abril 26, 2011
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poesia de fora
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