caro leitor,
a escrever poemas com direito a admissão:
só serão aceites os sarcásticos.
És testemunha e, por isso, selas a ouro,
leitor,
esta promessa de tempos escassos e cínicos.
(Quem disse que os meus poemas eram bucólicos,
quem me colou o selo e me expediu para a província?)
Porque a poesia,
Edward, dear,
não me abriga da morte,
é no máximo um cárcere frio
onde nem tu, meu amor, entras
ponho-te um prato de amor de fora
para que te consoles aos fins-de-semana e dias festivos.
Que não seja uma feijoada fria
ou qualquer outro tipo de vingança
porque da janela do meu cárcere
não avisto mar nem Tabacaria.
E para ser franca, leitor,
nem por ti anseio
ou por ti, meu amor [outra vez]
nem por Pavia ou Roma [ao contrário]
que não se fizeram num dia.
- Ana Paula Inácio
in Telhados de Vidro n.º 11, Averno
Sem comentários:
Enviar um comentário