sábado, março 12, 2011

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Sobretudo as vozes. O que passa em campos e não é comum. Magnetiza, desvia. As palavras tornam-se infinitas, fios segregados em incontáveis relações. Formam teias que a consciência não domina. "Eu" é uma palavra para o conflito, paragem mínima em que instinto, hábito e potência criadora tocam limites, que confirmam e repudiam.
Não me digam que a chávena sobre a mesa, o cheiro do cigarro ou um olhar oblíquo se bastam e nos desprendem de sermos nós, cabisbaixos, a caminho do caminho já feito - a glória. O que nos requer a cada instante, a vida, não prescinde da floração das ideias, do desequilíbrio das interpretações. Da dor, sobretudo, e do seu não poder ser assim.

- Silvina Rodrigues Lopes
in
Sobretudo as vozes, Vendaval

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