Pois vi a luz pela primeira vez numa cidade antiga
Na qual telhados em confusão desciam desde a minha janela
Até um singular porto de abrigo, rico em visões.
Ruas com portas-de-entrada entalhadas
Cujas velhas bandeiras
E pequenas vidraças os raios do sol-poente banhavam
E campanários georgianos encimados por agulhas douradas –
Eram essas as paisagens que meus sonhos de criança modelavam.
Tais tesouros, deixados por um tempo não corrompido
Não podem senão fazer-nos desdenhar das quimeras sem sentido
Cuja presença de confusa fé se esgueira por mutáveis vias
Entre os muros que à terra e ao céu enchem os dias.
Cortam as amarras do momento e deixam-me em liberdade
Para ficar só e de pé diante da eternidade.
- H. P. Lovecraft
(Tradução de Nicolau Saião)
in Os Fungos de Yuggoth, Black Sun Editores
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