Enquanto escrevo, a realidade nem
se importa muito, nem pouco, nem nada:
o dia nasce após a madrugada,
a luz do Sol dissipa negra nuvem,
desperta sons que voam, dá passagem
à procissão da voz na curta estrada;
um eco branco vem da passarada,
quebra no espelho sobreposta imagem.
Este regresso foi saber que recomeço
realmente na lenda, a qual of'reço
à realidade; e, em troca, nada espero,
sim, salvante o reflexo nesse espelho,
agora, em mim, reconstituído liturgia:
dor de prazer da variante que se expraia.
- António Barahona
in O sentido da vida é só cantar, Assírio & Alvim
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