Para a Inês e à memória
de quantas andorinhas matei
Como a fotografia que tiras, a pedra
que vos lancei desde essa primavera
da minha infância
tinha (se me perdoares a franqueza)
a mesma intenção: capturar o momento.
Mas um jeito rude, cretino, o desejo
quando só sabe ser grosseiro, antes
de ganhar bons modos, mais artísticos.
Em vez de «para sempre»
ou apenas «para mais tarde recordar»,
ali mesmo se precipitava, atropelando
a realidade nesse seu golpe possessivo.
Não sabendo reproduzir, criar igual,
vai destruir – para ter pelo menos
mão na coisa, um papel qualquer
ainda que seja o de vilão.
Não espero que o entendas. Por sorte,
eu entendo-te. E o que nos separou
talvez recorde aos dois o nosso papel.
Chama-se educação, professora.
Lisboa, madrugada de 21.03.2011
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