te persegue,
poeta agre, a vida ferve
e a cidade arde,
e o céu desfaz-se em chuva,
a tua pena arranha no coração da vida,
Selva, selva, pululam olhos
nas multiplicadas cúspides;
cabelos de tempestade, os poetas
montam cavalos, cães.
Os olhos enraivecem, as línguas volteiam
o céu aflui às narinas
como um leite vigoroso e azul;
estou suspenso das vossas bocas
mulheres, duros corações de vinagre.
- Antonin Artaud
(tradução de Joaquim Afonso)
in O Pesa-Nervos, Hiena
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