no sereno Setembro, pelo S. Miguel lânguido e triste.
Gencianas bávaras, grandes, escuras, só escuras
escurecendo o dia, como archotes com o azul em fumos da treva de Plutão
às nervuras, como archotes, com o fulgor da escuridão espalhada em azul
esbatendo-se em manchas, esbatida sob o impulso do dia branco
flor-archote de treva azul em fumo, no escuro azul ofuscante de Plutão
negros lampadários das mansões de Dis, ardendo azul escuro,
dando escuridão, azul escuridão, enquanto dão luz as pálidas candeias de Deméter,
guiai-me então, mostrai-me o caminho.
Traz-me uma genciana, dá-me um archote!
deixa-me guiar pelo archote azul bifurcado desta flor,
descendo degraus mais e mais escuros, onde em azul escurece o azul,
onde Perséfona agora vai saindo do Setembro das geadas,
rumo ao reino da treva onde no escuro a escuridão fica em vigília
e onde mesmo Perséfona não passa de uma voz
ou de uma invisível escuridão, envolta no mais escuro mais fundo
do abraço de Plutão, trespassada pela paixão da treva densa
entre o esplendor dos archotes de treva que derramam a noite
sobre a noiva perdida e seu esposo.
- D. H. Lawrence
(tradução de João Almeida Flor)
in Gencianas Bávaras e Outros Poemas, Regra do Jogo
1 comentário:
mais uma belíssima tradução de JAF, como tantas, que vale a pena publicar. obrigada.
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