segunda-feira, dezembro 27, 2010

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Vê-se a gaiola, ouve-se esvoaçar. Distingue-se o inconfundível ruído do bico a afiar-se de encontro às grades. Mas pássaros, nem sombras.
Foi numa dessas gaiolas vazias que ouvi o mais forte chilreio de periquitos na minha vida. Vê-los, claro está, não via.
Mas que ruído! Como se houvesse três, quatro dúzias na gaiola:
«...Nesta gaiola pequena não ficam apertados?», perguntei por perguntar, mas acrescentando à pergunta uma inflexão trocista, conforme a ouvia sair-me da boca.
«...Ficam..., respondeu-me o dono com firmeza, por isso fazem tão grande algazarra. Gostariam de ter mais espaço.»

- Henri Michaux
(tradução de Aníbal Fernandes)
in
No páis da magia, Hiena Editores

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