-
Vê-se a gaiola, ouve-se esvoaçar. Distingue-se o inconfundível ruído do bico a afiar-se de encontro às grades. Mas pássaros, nem sombras.
Foi numa dessas gaiolas vazias que ouvi o mais forte chilreio de periquitos na minha vida. Vê-los, claro está, não via.
Mas que ruído! Como se houvesse três, quatro dúzias na gaiola:
«...Nesta gaiola pequena não ficam apertados?», perguntei por perguntar, mas acrescentando à pergunta uma inflexão trocista, conforme a ouvia sair-me da boca.
«...Ficam..., respondeu-me o dono com firmeza, por isso fazem tão grande algazarra. Gostariam de ter mais espaço.»
- Henri Michaux
(tradução de Aníbal Fernandes)
in No páis da magia, Hiena Editores
segunda-feira, dezembro 27, 2010
Separador:
poesia de fora
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário