O incerto sinal luminoso de desperdícios no mar.
Dentro, o soprar do vento. Lá fora, o vento.
Dentro, o coração trancado e a chave perdida.
Lá fora, o frio e o vazio, a sirene. Dentro,
A dor do homem forte que descobre frio o seu sangue rubro,
Enquanto cresce o ruído do relógio cego, mais rápido. Lá fora,
A muda lua, as marés loquazes que ela governa.
Dentro, a antiquíssima bênção fundida com a maldição. Lá fora,
A cúpula vazia do céu, as funduras do vazio.
Dentro, um homem decidido fala sozinho
Contra si, um sono estilhaçado.
- Louis MacNeice
(tradução de Hugo Pinto Santos)
1 comentário:
Belíssimo poema feito de dois espaços de um mesmo tempo, em contraste.
Lá fora, a chuva move-se no encalço das frestas… pelas passagens entre pedras brancas, calçadas gastas, passos que nela passam rápidos, demorados, arrastados ou absortos… Incertos fragmentos do mundo.
Obrigada pela partilha.
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