quinta-feira, novembro 18, 2010

Castelo de Agromonte

À distância da alta janela
era uma mulher sem idade. Estou em crer
era ainda rapariga
sob a trovoada e a chuva
seguia por entre os jazigos – góticas
capelas imperfeitas –
ia pelo caminho de saibro
ao encontro dos amados mortos. Abriu a torneira, a água
correu, lavou a jarra,
água para amarelos crisântemos. Água
límpida para os seus amados mortos
em véspera de todos-os-santos (amanhã é feriado,
reclamam-na os vivos
bem menos amados – dos vivos não pode dizer seus não
pode pousar
sobre a pedra branda dos leitos
a jarra, roxos crisântemos amarelos)

– Como se chama o cemitério, além
– Agromonte, senhor

- João Miguel Fernandes Jorge
in Sobre Mármore, Teatro de Vila Real

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