para ti, que chegaste a quem sabe que lugar
quando eu acabava -ai- de sair dele,
ou perdeste aquele comboio, não sei qual, que te teria
trazido ao centro da minha vida,
ou estavas num banco de algum parque
num dia em que eu não quis passear entre as verlaineanas folhas,
para ti,
pela longa espera desse olhar que nunca vi,
por esse coração que desconheço e é como uma praia de setembro,
para ti, por tudo o que havia de obrigar-me a amar-te,
para ti, que me terias amado até nunca mais,
que agora podes estar em pranto
na luz fria de um quarto de hotel,
ou com os teus filhos no Museu Britânico,
a olhar o arco-íris numa teia de aranha,
ou a pensar em mim sem saber que sou eu,
para ti, retrospectiva, condicional, perdida,
onde quer que estejas,
________________este poema.
- Miguel D'Ors
in El misterio de la felicidad (antologia)
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