Já não existe rancor
Ao chegar ao quintal.
Sob a escuridão
Ainda procuro o teu rosto
Por entre as folhas caídas no calor
Inclinando a cabeça,
Obedecendo à velha tradição
De teres um lugar na minha vida.
.
.
Quando a toutinegra acordava as minhas manhãs,
Eu estava ao teu lado
Com um baloiço
E a escolha de tintas
No estirador da varanda
Acrescentada ao pátio.
Eras tu que celebravas as pequenas derrotas
Quando lavavas a cara
E sentias a aldeia distante
Reunida em massa
Acolhendo o homem desprezível
Que nunca levou qualquer mulher ao clítoris
Na furiosa explosão da maternidade
Ou do prazer.
Agora, já nada temo.
Sou o homem rude
Da voz forte ressoada na montanha.
E nada me impede de estender a pena
E desfiar a história
De uma varanda em estirador.
Não tenho medo da mortal família
Quebrada nos laços perenes da absolvição
E da perfidia.
Mas guardo o receio
De esquecer certos tons de ferrugem
E a majestosa roda de um caminho
Da bicicleta ausente.
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