Do Paseo de Julio, sombras vãs
Em discussão eterna com irmãs
Sombras ou com a fome, esse aliado.
Quando a última luz do Sol é fraca
Na zona que limita os arrabaldes,
Voltam ao seu crepúsculo, fatais
E mortos, à sua puta e sua faca.
Perduram em apócrifas histórias,
No seu modo de andar, no zangarreio
De uma corda, num silvo, numa cara,
Em pobres coisas e obscuras glórias.
No mais íntimo pátio da parreira
Quando os dedos temperam a guitarra.
- Jorge Luis Borges
(tradução de Fernando Pinto do Amaral)
in Obras Completas, vol. II
Editorial Teorema, 1998
Sem comentários:
Enviar um comentário