quarta-feira, agosto 11, 2010

Os compadritos mortos

Prosseguem como escoras do mercado
Do Paseo de Julio, sombras vãs
Em discussão eterna com irmãs
Sombras ou com a fome, esse aliado.
Quando a última luz do Sol é fraca
Na zona que limita os arrabaldes,
Voltam ao seu crepúsculo, fatais
E mortos, à sua puta e sua faca.
Perduram em apócrifas histórias,
No seu modo de andar, no zangarreio
De uma corda, num silvo, numa cara,
Em pobres coisas e obscuras glórias.
No mais íntimo pátio da parreira
Quando os dedos temperam a guitarra.

- Jorge Luis Borges
(tradução de Fernando Pinto do Amaral)
in Obras Completas, vol. II
Editorial Teorema, 1998

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