terça-feira, agosto 24, 2010





Carta


esqueço-te com a terna complacência do silêncio
habitual das horas no seu movimento
e no entanto restou um perfume quase imperceptível
do olhar por uma vez aceite
em mim, um olhar que julguei
fosse o meu amor, a ilusão
de um gesto que olhamos como
se nos pertencesse e no entanto
nos é alheio.
Eu havia contribuído integralmente.
A terra foi por um instante pura
através do teu corpo elástico e pausado.

- Manuel de Castro
in A Estrela Rutilante, edição do autor



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